Conto: A Garota Certa

Conto inspirado em citações da canção "Zade", composta por Mike e Guto, da banda OutroEu.

Convencer meu irmão a “liberar” o nosso quarto só pra mim naquela noite foi fácil. Otávio quis saber o que eu planejava e, encabulado, expliquei. “Cara, eu vou te ajudar!”, se empolgou, ao saber que iria deixar o irmão mais novo sozinho com a namorada na noite do Dia dos Namorados. Ele também persuadiu os nossos pais a saírem de casa para que ficássemos somente Dandara e eu, sem contar exatamente o que nós pretendíamos. E eles, de última hora, foram jantar em um restaurante.
Apesar de nos darmos bem, Otávio e eu não éramos tão amigos. Ele já tinha vinte e dois anos e namorava Izabele havia mais de um. O tempo dele era dedicado ao curso de Relações Internacionais, à namorada, ao estágio e ao futebol. Eu ainda tinha dezessete, assim como Dandara, e ainda tentava finalizar o Ensino Médio, numa vida de jovem adolescente, com seus dramas. O vício pelo futebol era uma das poucas coisas que meu irmão e eu tínhamos em comum. Otávio também não era um modelo de esperteza. Custou um tempo para ele entender o ponto solene da minha vida sexual.
- O quê? Não acredito, Jeff! Você ainda é virgem?!
Otávio perguntou como um garoto de dezessete anos nunca ter tido uma relação sexual com uma garota se fosse um crime.
- Então, você e a Ayala nunca transaram? Em nove meses de namoro, Jeff?! - ele se referia à minha ex.
- Se eu acabei de dizer que sou virgem... – respondi, me aborrecendo.
- O seu caso é sério, mano. Você namorou uma gata como aquela e não transaram... Hoje você vai ter que usar esse seu...
- Otávio, você vai me emprestar o dinheiro pra pedir a pizza? Sim ou não? – cortando o assunto propositalmente.
- Vou sim, mano. – e me entregou duas notas: uma de R$50 e uma de R$20. Era a primeira vez que ele me emprestava dinheiro sem fazer careta - Agora me responde: por que você vai comprar pizza? Faça algo romântico. Ou diferente, pelo menos. Vão a uma festa junina! Vai ter aqui na rua hoje! A Dandara vive comendo pizza. Nem sei como ela não engorda!
- Dandara é louca por pizza, foi ela que sugeriu. E nós já fomos a uma festa junina na sexta-feira.
- Tá... E por que você e a Ayala nunca transaram? Ela é muito gata! Ah, Jeff, se eu fosse solteiro...
Otávio estava sendo legal comigo, ele merecia um pouco mais de consideração. Aquele era o momento de abrir meu coração para ele. E eu também estava sentindo essa necessidade. 
- Eu comecei a gostar da Dandara quando ainda estava namorando a Ayala. Me apaixonei pela Dandara logo depois que a gente ficou amigo. Ayala tentou me seduzir várias vezes, e eu resistia porque eu sabia que ela não era a garota certa pra mim. Não era o meu “outro alguém”. 
Otávio me ouviu com atenção e perguntou pausadamente?
- Não era seu “outro alguém”? Não era a garota certa? Que porra é essa? Parece um veadinho falando, Jeff!
Não. Aquele não era o momento de eu abrir meu coração pro meu irmão. Me arrependi amargamente. Sem nenhum pudor nas palavras, Otábio perguntou:
- E o que ela achava dessa sua veadagem?
- Não é veadagem... Ayala dizia que um dia eu ainda iria encontrar a garota certa. E dizia me provocando, que se eu quisesse, se entregaria toda pra mim...
- E... Como você sabe que Dandara não vai te deixar na mão hoje?
- Ela disse que, em homenagem ao dia dos namorados, a gente teria a nossa primeira vez, que estaria pronta.
- Então tá, né... Mas ainda acho que você vacilou com a Ayala...
- Nem tanto... Ayala me confessou, também, uns dias depois de terminarmos, que tinha uma tara por um cara mais velho e ela não se sentia confortável em estar comigo sentindo isso... Aliás, quando a gente para pra conversar, ela sempre tenta me dizer algo, mas fica sem graça e nunca fala realmente o que é. É raro vê-la sem jeito. Mas mesmo assim, eu ouvi falar que ela se tornou meio atirada depois disso...
- Atirada, é? Ela sempre foi atirada, mano. Muito atirada. Muito! – Otávio disse de um modo pervertido e meio sério. - Você nem tem ideia...
- Como assim eu nem tenho ideia? O que você quer dizer?
- Deixa pra lá...
Meu irmão mudou o assunto e me esqueci de falar novamente sobre isso com ele. Antes de sair de casa, Otávio se adiantou e pediu a pizza. Com a porta aberta, já de saída, ele lembrou do que conversamos mais cedo e inquiriu:
- Dandara disse que estaria pronta pra transar no dia dos namorados?
- Sim.
- Você tem camisinha ai, né, Jeff?
- Tenho.
- Então manda ver. Vai dar tudo certo. – encorajou-me. – Vai ver que... Ela é realmente a garota certa pra você. – rindo da situação. Se ele realmente estava sendo sincero ou me debochando eu não sabia.
A pizza chegou e eu já estava arrumado. Vesti uma de minhas melhores roupas, uma camisa azul marinho que papai havia comprado pra mim naquela semana, com uma calça jeans também não tão velha. Daquele jeito, parecia que eu ia à festa, mas eu estava apenas esperando a minha namorada chegar. Dandara e eu mal nos tornamos amigos, terminei com Ayala e iniciamos o namoro. Havia sete meses e meu tesão por ela crescia a cada beijo. Ela, porém, ainda não se sentia preparada para transar comigo. “No dia dos namorados. No dia dos namorados eu já estarei pronta. Pra nós dois”, ela garantiu e, desde então, eu esperava por esse dia ansiosamente.
Penteei meus cabelos curtos e pretos e me perfumei pela quinta vez. O quarto respirava o meu perfume. Peguei o colar embrulhado para presente e voltei para a sala. Até que a campainha tocou. Meu coração deu um solavanco. O sorriso franco de Dandara me esperava do outro lado da porta. Seus cabelos loiros e curtos foram os responsáveis pelo meu primeiro segundo de excitação. Depois, o beijo longo que minha namorada me deu. Ela me agarrou o pescoço, beijava-me com seus lábios carnudos e serenos. Eles se encontravam aos meus e sabiam que ali tinham um lugar só deles. Um beijo que duraria por mais tempo, se fosse possível. Nos olhamos e sorrimos um para o outro e depois nos abraçamos de novo. Senti todo o conforto e todo o reboliço da felicidade. Deveria ser coisa de alguém apaixonado.
- Nós vamos sair pra algum lugar? Você tá tão gato! – Dandara, me olhando dos pés à cabeça.
- É pra você, D.
Ganhei dela uma mochila preta com traços azuis; a minha estava em péssimo estado. Do bolso externo da mochila havia um bilhete azul com o trecho de uma letra de música da banda OutroEu:

"Você é a verdade que não me doeu
Aquela ami que enfim zade já bateu
A sua coragem me fortaleceu
Você é o encaixe, à parte, em mim maior"

Era o trecho da música "Zade". O cordão que dei à Dandara fisgou a sua pele intocável. Em troca, recebi outro beijo. E mais outro beijo recebi após Dandara colocar o cordão no pescoço. Ela sentiu o cheiro da pizza e perguntou se já podíamos comer. Estava faminta. Fomos ao meu quarto e, coladinhos na minha cama, começamos a assistir a um filme romântico e nos deliciamos com a pizza. Uns minutos depois, para entrar no clima do filme, abracei-a. Estava tensa. Para diminuir a tensão, beijei-a no rosto. Minha namorada, pela primeira vez, se afastou de mim. Hesitou um beijo meu. Fingi que não percebi e a beijei novamente. Os lábios dela tinham gostinho de pizza. Dandara se soltou e, subitamente, ficou na minha frente.
Dandara respirou fundo e me beijou com ferocidade. Não parecia o nosso beijo. Ela estava apressada, ainda mais tensa e apreensiva. Aquele beijo não era o nosso. E aquela não era a minha namorada. A violência e a pressa estavam me assustando, mas não a impedi. Dandara me beijava enquanto, toda atrapalhada, tirava minha camisa. Soltei-me dela e perguntei o que estava acontecendo.
- Vou ser sincera, Jeff: eu disse que estaria preparada pra a nossa primeira vez, mas...
- Mas você não tá. – concluí.
- Não tô. Essa é que a é a verdade. – soltou de uma vez. A minha empolgação tropeçou e se feriu. – Não sei direito o que eu tô fazendo.
- Tudo bem, D... – menti. Eu estava um pouco decepcionado, e também preocupado.
- Não tá tudo bem. Eu vejo na sua cara que não tá bem, Jeff.
- Eu realmente esperava que... Mas deixa pra lá. Esquece. – peguei minha camisa e a vesti. - Se você não tá pronta ainda, tudo bem. A gente aguarda mais um tempo. O tempo que você precisar. – abracei-a, com sinceridade. Dessa vez eu não estava mentindo. O meu desejo de transar com Dandara não era maior do que o amor que eu sentia por ela. Eu tinha uma namorada com qualidades incontáveis e tinha ela ali, ao meu lado, agarrada a mim. O que mais eu poderia querer? Sexo não é tudo.
- Desculpa, Jeff. Eu sei que você esperava tanto por esse momento, mas ainda não me sinto realmente pronta... Me desculpa. – Dandara pedia, desolada.
- Não tem problema. De verdade, não tem. – beijei-a no rosto e falei: - Além de namorados, somos amigos, lembra? E eu te entendo. Agora, me abraça bem apertado e vamos terminar de ver o filme. 
- Você é o amigo e namorado mais compreensivo que existe. Obrigado. - me deu um selinho. Ela deitou no minha cocha, bocejou e não disse mais nada.
O filme terminou e tentei mexer a minha perna. Estava paralisada. Me acomodei na cama e, assim como Dandara, adormeci. “Não era bem assim que eu esperava pro meu dia dos namorados. Mas ao menos eu tenho alguém pra namorar. E é a Dandara.”, foi o meu último pensamento antes de cair no sono. Acordei com alguém puxando meu braço. Era Otávio.
- Os pais da Dandara estão lá fora. – avisou. Minha namorada se espertou, assustada, com o comentário do cunhado. Levantou-se num pulo, me beijou rapidamente, pediu desculpas mais uma vez e saiu do meu quarto, arrumando seus cabelos solares.
Otávio me olhava penalizado.
- Deixa pra zoar amanhã, tá? Agora vou voltar a dormir.

Naquela manhã de segunda-feira, a minha turma fez a primeira prova da semana. Em pouco tempo, eu estaria de férias. Para esquecer as minhas respostas sem sentido em Química e Literatura, aceitei o convite de alguns colegas de outra classe para uma partida de futebol na quadra do colégio. Tirei minha camisa e minha calça jeans, usando meu short que estava por baixo dela - eu usava para um caso como esse –, deixei-as junto com a minha mochila na arquibancada e iniciamos o jogo. A partida durou apenas trinta minutos porque meus colegas tinham que ir embora para tentar estudar para as provas do dia seguinte: Matemática e Física. 
Havia uma garota ao lado das minhas coisas. Encharcado de suor, corri até ela. O mesmo jeito desinibido, as pernas torneadas e os seios que brincavam com a libido de qualquer garoto. Ayala estava ainda mais bonita do que quando namorávamos. Mais atraente, pra ser honesto. O meu suor não a impediu de me abraçar e me dar um beijo no rosto. Minha ex-namorada me fez sentar ao seu lado e me entregou a minha mochila e o uniforme. Nós não nos falávamos havia quase um mês, desde que ela pediu o meu número de celular porque tinha perdido toda a sua agenda. E perguntou, insinuando ironia:
- Cadê a sua namoradinha, Jeff?
- Ela ainda deve tá fazendo prova. – respondi, ofegante e indiferente. Nas poucas vezes que conversávamos, ela não se referia à Dandara com muita educação. Ayala asseverava não ter se chateado por eu ter terminado nosso namoro por causa de Dandara, mas eu tinha minhas dúvidas.
- A sua namoradinha só vai sair quando estiver ciente que acertou todas as questões, não é? – eu assenti. – Eu sabia. É o oposto de você.
A minha camisa me servia de abano. O sol soprava o suor no meu corpo. Ainda assim, Ayala não tirava os olhos de mim.
- E aí? Rolou o que no dia dos namorados? – Ayala, provocativa. Meio infeliz por me lembrar da noite anterior, respondi:
- Não rolou nada de mais.
- Nada? Vocês nem sequer...?
- Não. Não transamos ainda. – soltei, ainda meio chateado com a noite anterior - Se é isso que você quer saber. – e me levantei, aborrecido.
- Será que ela é mesmo a garota certa pra você? – com um sorriso descarado. – Será que você não estava enganado?
- Ela é a garota certa pra mim. – respondi, amassando o uniforme dentro da mochila.
- É? Bom, se eu fosse ela não perdia tempo. Com o namorado gato que ela tem, ficar se fazendo de difícil é idiotice.
- É?
- É sim. Eu me entregava pra você agora, se você quisesse.
Ayala era inacreditável. Dei alguns passos para ir embora, sem dar nela um abraço ou um beijo de despedida. Quando eu estava me distanciando, ela disse:
- Jeff, será que teria problema se você me desse o...
- O quê?
- Deixa pra lá.
- Ok. Depois a gente se fala.


 As broncas de minha mãe por eu ter chegado em casa empapado de suor e amarfanhado o meu uniforme me perseguiram até a cozinha. Deixei a roupa para ela lavar e entrei no meu quarto. Otávio estava lendo em voz alta um livro para a prova de economia que iria fazer naquela tarde. A concentração dele só valia se lesse e falasse em alto e bom som, para tentar memorizar os conceitos da disciplina. Ele me cumprimentou somente com um sinal de “Ok” e prosseguiu a leitura. Peguei minha toalha e fui tomar banho. Ao voltar para o quarto, meu irmão agora falava sozinho, olhando para o espelho.
Eu, quase enxuto, segurava a cueca nas mãos e ainda estava com a toalha enrolada na cintura quando alguém bateu na porta do nosso quarto. Era Dandara.
- Otávio, você poderia me deixar sozinha com o Jeff, por favor?
- Mas eu tô estudando.
Dandara, impaciente, tirou do bolso um pedaço de papel e entregou ao meu irmão. Ele leu, sorriu para ela, pegou o celular e se saiu do quarto. Fiquei sem entender absolutamente nada e entendi ainda menos quando minha namorada veio até mim e me deu um dos nossos mais impetuosos beijos. O mínimo tinha de delicadeza, mas também não havia nada de opressor, como na noite anterior. E, como nas outras vezes que nós trocávamos uns amassos, me excitei. Dandara podia sentir, já que a toalha me denunciava. Recuei um pouco para evitar que ela percebesse.
- Não hesite, Jeff. Quero você assim mesmo. – e formou um sorriso extremamente safado. Calmamente, Dandara tirou minha toalha e a cueca da minha mão e as jogou em cima da cadeira do criado mudo que Otávio e eu usávamos para estudar. Minha namorada deveria estar no seu dia mais insano. Tentar esconder meu pênis ereto seria em vão. Ela se assustou com o que viu e depois me beijou novamente. Sem entender porra nenhuma, perguntei:
- O que você tá fazendo, Dandara?
Dandara foi até a porta e a trancou. Voltou a me beijar, mas eu a interrompi.
- Me explica isso. Ontem você disse que ainda não estava preparada e agora...
- Agora eu tô. Tô pronta, Jeff. - os seus cabelos ensolarados esquentavam sua pele macia.
Numa atitude doida, Dandara tirou a blusa e a jogou na mesma cadeira. Seus seios se escondiam debaixo do sutiã, e pediam para sair de lá. Com os olhos caídos nos seus seios nada infantis, lembrei-a:
- D, minha mãe e meu irmão estão em casa e...
- Não tem problema, assim é mais excitante.
- Mas antes você não gostava que a gente...
- Porra, Jeff, isso foi antes!
- Antes do quê?
Eu já demonstrava sinais de enfraquecimento nos meus países baixos. Eu estava evitando interrompê-la, mas eu precisava entender o que deu nela ao se jogar em mim daquele jeito. Dandara suspirou aborrecida e respondeu:
- Antes de eu conversar com a Ayala. Agora há pouco.
- Agora há pouco?
- Encontrei com ela na arquibancada, depois que acabai de fazer a prova.
- E o que vocês conversaram?! – perguntei, amedrontado, cobrindo-me com a toalha e sentando na cama. Dandara se sentou ao meu lado.
- Ela me abriu os olhos sobre você. Sobre nós dois.
- Mas eu pensei que vocês nem se falavam. E o que ela disse exatamente?
- A gente não tem muito contato, mas hoje ela me disse que...
- Disse o quê?
Bufando, Dandara respondeu:
- Disse que você sempre soube que eu era a garota certa pra você perder a sua virgindade, que você só iria fazer isso se fosse comigo e que eu sou a namorada que você sempre quis ter. Daí eu percebi que estava pronta. Pronta para me entregar a você. Ontem eu estava nervosa e insegura, de tanto que pensei nisso a semana toda. Mas agora, não. Já tô mais à vontade. Você é meu namorado e eu confio em você. E eu também já tô mais segura, que é o principal. Não tenho motivos pra tanto nervosismo. Até porque, você sente o que eu sinto, você vê o que eu vi. Você é meu “outro alguém”. 
Jamais imaginei que Ayala, minha ex-namorada, poderia fazer isso: me ajudar à ir para a cama a com a minha namorada atual. As pessoas, de fato, nos surpreendem quando menos esperamos. Ex-namoradas, então...
- Agora para de pensar na sua ex e me beija.
Dandara me beijou novamente, tocando no meu corpo magro com uma de suas mãos, enquanto a outra tirava mais uma vez a minha toalha. A tara voltou com tudo.
- Você tá bem animado, né? – Dandara me sorria com um acerto receio, após me deixar inteiramente nu.
- É isso que você quer, não é?
- É.
Ela voltou a me beijar, mas parei novamente.
- Você tem certeza...?
- Tenho, mas... Vá com cuidado, tá? – pediu, com meiguice.
- Com todo o cuidado e carinho que você merece. – e a beijei lentamente, para que pudéssemos aproveitar a intimidade entre nossos lábios e todo o nosso corpo. Por cima de mim, Dandara voltou a me beijar e, com a excitação no volume máximo, tirei seu sutiã, apesar de um pouquinho de dificuldade. Nenhuma prática. Ela deitou sobre mim e eu senti seus seios no meu peitoral. Meu pênis se transformaria em um rocha de tanto tesão.
Mudamos de posição e fiquei por cima de Dandara. Para tirar a calça jeans não houve complicações. Minha namorada estava na minha cama e praticamente nua. Meus lábios subiram dos pés à cintura. Ela suspirava de excitação. Retirei a calcinha amarela ao mesmo tempo que beijava sua barriga lisa. O beijo subiu até seus seios. Matei o meu desejo e os provei levemente. Minha língua tinha que deixar vestígios em cada parte do seu corpo.
Beijei-a nos lábios e Dandara perguntou, preocupada:
- Você tem camisinha?
- Claro. – e a beijei mais uma vez na sua barriga.
- Eu não imaginava que seria tão bom.
- Vai ficar ainda melhor. - e não paramos mais...

Alguns amigos meus diziam que a primeira transa deles não foram o que eles esperavam; ou foi ótima ou foi péssima. A minha demorou para acontecer, mas o tempo é o senhor de tudo. O tempo sabe quando deve dar o “play” ou o “pause” nas nossas vidas. Ele se faz presente para todos os momentos adequados. Se ele tarda a vir, há um motivo. No meu caso, seria porque se tivesse acontecido antes talvez não fosse a primeira vez que nós esperávamos. Dandara era realmente a garota com quem eu perderia a virgindade e com quem eu queria fazer muito sexo muitas outras vezes. Dandara, além disso, era a garota com quem eu queria passar todos os meus dias dos namorados. Se não fossem todos, seriam muitos.
A exaustão nos alcançou, junto com a fome. Mas o cansaço predominou. Dandara adormeceu ao meu lado após me destruir de tanto sexo em longas duas horas. Beijei-a devagar no rosto para que ela não acordasse e peguei minha toalha. Eu precisava de um novo banho. Com a toalha na cintura, abri a porta para ir ao banheiro, e tive que parar para atender meu celular que acabara de tocar. Atendi no corredor para não acordá-la. Eram duas da tarde e a casa estava silenciosa. Meus pais deviam estar no quarto e meu irmão no estágio. Ninguém iria me interromper enquanto eu falava com... Ayala.
- Oi, Ayala. – cumprimentei, contente.
- Tô sentindo que você tá feliz. – riu do outro lado da linha. – A minha conversa com a sua namoradinha deu certo. Uns minutos depois de você sair, ela apareceu.
- Nunca imaginei que você me ajudaria a transar com a minha namorada.
- Nem eu, acredite.
- Outra coisa também ajudou: o bilhete que Dandara entregou ao Otávio.
- Eu sabia que esse bilhete iria ajudar. – ela comemorou, convencida.
- Então foi você quem escreveu o bilhete?!  
Ayala riu cinicamente.
- Você é a fim do meu irmão?! - perguntei, vendo as coisas fazerem sentido.
- Agora que você percebeu?
- Era ele o cara mais velho que você tinha uma tara?
A risada foi uma boa resposta.
- Era sobre ele que você queria me falar, mas nunca desenvolvia o assunto?
- Tá ficando esperto, hein...
- E o que você queria me falar esse tempo todo? 
- Eu queria o número de telefone dele. Eu até tinha, mas perdi a minha agenda toda, lembra? 
- Lembro... Mas... Ele tem namorada!
- E daí? Mesmo assim, o que vale é que ele saiu do quarto e deixou você e a Dandara sozinhos. Não foi?
- Foi... Ei, você já deu em cima dele alguma vez? 
- Já. Por quê?
- Otávio me disse que você sempre foi muito atirada...
- Ele é fiel demais à namorada. - reclamou.
- E o que você escreveu no bilhete, afinal de contas? Não foi só pra pedir o número do celular dele, foi?
- Claro que não!
- Então tinha o quê? Diz logo?
- Você vai ter de perguntar a ele.
Desisti de tentar tirar alguma resposta sobre o tal bilhete. Mas eu ainda queria saber outra coisa.
- Muito obrigado por conversar com a Dandara. Principalmente por dizer que ela era a garota certa pra mim, que era a namorada que eu sempre quis ter...
- Mas eu nunca disse isso, Jeff! – e riu mais ainda. – Eu nunca diria uma cafonice como essa. Ou ao menos não com essas palavras. 
- O que você disse para convencer a Dandara a transar comigo, então?
- O mesmo que eu disse a você: que como ela estava perdendo tempo, com o namorado gato que tem, e que eu, no lugar dela, já tinha me entregado toda a você. E que se ela não fizesse isso, outra garota faria no lugar dela. E essa garota poderia ser eu.
- Não acredito!
- E eu estava falando sério. Tem argumento melhor que esse?
- Não, não tem. 
- Dandara ficou com medo e foi marcar o território dela! - e riu mais, do outro lado da linha.
- Você é foda, Ayala.
- Eu sei. Desde que você a Dandara ficaram amigos as pessoas me alertavam sobre vocês, e estavam certas. E eu contei também que ela era a garota certa pra você, que ela é seu “outro alguém”. Mas agora vá lá e chame a sua namoradinha para tomar um bom banho com você. Vocês devem tá fedendo a sexo. E deseje a ela um feliz dia dos namorados atrasado. Vocês merecem.

Deliguei o telefone e voltei para o quarto. Sentei na cama, beijei Dandara nos lábios e ela acordou, sorrindo. Segurei suas mãos carinhosamente. Eu só queria tocá-la, abraçá-la mais uma vez. Beijar, abraçar, sentir o cheiro de minha namorada. Sentir o quão eu era completo ao lado dela. Ela não era somente a garota certa pra eu perder a virgindade, mas também era a garota certa para ser minha namorada por um tempo de duração impensável. A minha felicidade era plena sendo namorado de Dandara, e, os solitários e autossuficientes que me desculpem, mas eu, ainda na minha adolescência, achava que a nossa vida precisava e precisa daquele descompasso tumultuoso, com temores e alegrias que só um romance pode nos proporcionar e que, como diz a canção, “pra ser tumulto tem de ter alguém. Alguém no mundo tem de ser um outro alguém que faça bem a todos nós". E se você acredita que há alguém pra você, que esse alguém é a pessoa certa, se arrisque, se entregue. Não perca tempo. Porque se você se sente bem ao lado dessa certa pessoa, ela realmente pode ser a pessoa certa pra você. Se não for, apenas se arrisque, se entregue, se permita. Tente. Tente mantê-la do seu lado enquanto o que vocês sentirem um pelo outro for seguro e sincero. Já vai valer muito a pena. 


                 

Comentários

Unknown disse…
Voltei a ter 16 aninhos. Muito legal. Quando penso que já fizeste o teu melhor, tu te superas. Parabéns
Ivna Almeida disse…
Adoreiii! Parabéns, mano.
Rafael Vanderlei disse…
Muito bom Victor!!!!Quero ler mais!!! Virei seu fã!!!!
Aeee meu amigão, arrasou!
Gostei da técnica estética de escrita, do vocabulário empregado - está bonito, elegante e fluido, sem pedantismo desnecessário, como observamos em alguns pontos de contos anteriores.
Tema leve e descontraído, sem deixar de ser pertinente e interessante.
Gostei da trilha sonora tbm ;)
Personagens bem construídos e simpáticos - só achei desnecessário o protagonista falar pra qualquer um que ainda não conhecia a namorada no sentido bíblico - pra quê falar sobre algo tão íntimo com A EX? Pouco verossímil e desrespeitoso, mas no caso na narrativa, foi o gatilho necessário para o happy ending do casal, que realmente parecem feitos um para o outro.
Ótimo conto, ansioso por ler mais.
Abraçãooo ^^
Unknown disse…
Hei, tu é bom nisso, Victório!!! Gostei muito, parabéns!!!! Vou lê-lo mais vezes.

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